De cada vez que os meus filhos adoecem, não consigo deixar de pensar o quanto era bom se ao escrever numa receita médica, as palavras se tornassem mágicas e aquilo que eu considerava ser o melhor remédio se concretizasse.
Gosto de acreditar que funcionou com a nossa viagem à Dinamarca. Já foi em 2009 mas foi também uma das mais marcantes que já realizámos. Por simples gestos, e são na verdade esses que deixam marcas e podem mesmo fazer a diferença. Ainda temos a ‘prova’ de um desses gestos pendurada num quadro de cortiça.
Trata-se de uma receita médica, que por ocasião de uma consulta, a Dra. Sónia na altura do Carnaval e em ambiente de descontracção, disse “vou passar-te uma receita para ficares bom, qual é o remédio que tu queres?” e o Francisco respondeu com toda a certeza deste mundo “quero ir a Copenhaga”. A Dra. Sónia, não pretendendo travar os sonhos à criança, que é coisa que não se deve fazer, passou a tal receita assim como quem prescreve o melhor tratamento de todos. O texto dizia: “uma viagem a Copenhaga na Dinamarca para visitar a Lego”, vinheta e assinatura incluídas.
A partir daqui esta viagem já tinha ganho o selo de especial mesmo antes do seu início. Meses depois dessa inesquecível receita lembro-me de aterrar em Copenhaga, olhar para os meus filhos ainda dentro do avião, e num abraço de grupo, dizermos em coro: “conseguimos”! Foi uma viagem muito sonhada e preparada com alguma antecedência e ainda hoje Copenhaga é carinhosamente tratada de “Copi” cá por casa. Há coisas que não se explicam. Sentem-se.
E este país fez-nos sentir bem do princípio ao fim. Pela limpeza e organização, pela disponibilidade das pessoas, pelos milhares de bicicletas coloridas na rua, pelo silêncio do centro da cidade, pela alegria das brincadeiras em família em qualquer parque citadino, pelos pés descalços em locais públicos, pela descontracção do convívio improvisado em degraus, pela boa recepção às crianças, pela beleza e diversidade dos lugares visitados.
De aspectos menos positivos apenas recordamos: a teimosa chuva miudinha e intermitente em pleno mês de Agosto e os preços pouco acessíveis em alguns restaurantes e hóteis, mas que na verdade, pouco diferem de outras grandes capitais mundiais.
Na altura da consulta, com o desejo já bem definido mas ainda sem a pesquisa realizada, também não sabíamos que o parque da Lego fica em Billund, a cerca de 250 Km de Copenhaga. Mas isso não foi impeditivo para a concretização do sonho, foi apenas uma oportunidade para explorarmos a engraçada configuração do país que tem duas ilhas principais e uma península.
Poucos anos mais tarde depois de termos estado na Dinamarca, o seu povo foi considerado o mais feliz do mundo. Como eu os compreendo.
Quem também partilha desta opinião?
AVALIE ESTA PUBLICAÇÃO