Do Santo António ao Midsummer, França

Almoço familiar em Paris

17 Junho, 2013

Tinha reservado o dia para visitar uma família francesa que vive bem no centro de Paris.

Já tinha estado antes na cidade, mas nunca de carro por isso não me tinha apercebido da forma como está organizado o trânsito. Mas funciona assim: têm uma circular que dá a volta à cidade e vão surgindo muitas “portas” de entrada/ saída, cada uma com o seu nome, para se conseguir aceder ao centro.

Eu, como estava com tempo e gosto de descobrir, decidi entrar numa qualquer à sorte. Qualquer uma seria boa para iniciar a minha abordagem a Paris, pensei.

E enquanto andava na circular já tinha conseguido ver um pouco dos mais de 320 metros da Torre Eiffel e sem saber, escolhi entrar na avenida que vai direitinha até ao Arco do Triunfo!

Estar em Paris, é já por si só uma grande emoção e encontrar assim este monumento sem estar à espera foi realmente fascinante e surpreendente.

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Agora, a parte menos fascinante daquele momento: o trânsito. Assim de repente, tive logo de contornar o Arco do Triunfo e imediatamente percebi que não havia grandes regras ou prioridades a respeitar. Cada um avançava, virava e parava quando bem queria. Uma enorme confusão de carros e de vontades, ali todas concentradas.

A família que eu ía encontrar morava do outro lado da cidade. Ou seja, sabia que ía encontrar muito mais daquela confusão e conflito de interesses até chegar ao meu destino.

Achei também curioso que estacionam em qualquer lado, param e arrancam ou fazem inversão de marcha quando ninguém está à espera, aliás, quando não era suposto fazer. A meu ver, quando as regras de trânsito ou no mínimo, o bom senso não devia mesmo permitir.

Mas enfim, acabei por assimilar a máxima “em Paris, sê parisiense” e a partir daí tudo se tornou mais fácil!  🙂

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Depois desta “reaprendizagem” das regras básicas de sobrevivência no trânsito de Paris, cheguei finalmente à casa dos meus anfitriões franceses: a Anne-Marie, o Fred e o Eugéne (9 anos).

Moravam num apartamento que serviu de fábrica durante muitos anos. E têm muito orgulho no pedacinho de jardim privado de que também conseguem usufruir. Actualmente, dizem-me, que quem quer morar no centro tem de se adaptar ao que há disponível, mas muitos casais têm de se afastar mais de 40 quilómetros da cidade para conseguir ter um apartamento que consigam pagar.

Por causa da crise, este será também o primeiro ano que não vão viajar para fora do país. Não têm carro por opção, usam a bicicleta ou os transportes públicos porque, também me informaram, acham a cidade muito concentrada.

Quando precisam vão de táxi ou noutras circunstâncias, até alugam um carro. Por outro lado, em apenas cinco estações de metro estão em qualquer lado de Paris e em cerca de 20 quilómetros conseguem ir de uma ponta à outra da cidade.

Mas foi a pé, ao mercado ali perto, que foram comprar grande parte dos ingredientes que usaram para preparar o almoço que me esperava. Esta foi a ementa degustada:

Entrada – Uma mistura de lentilhas, beterraba e molhos (fizeram questão de me dizer que não é tipicamente francês mas muitas famílias fazem actualmente esta entrada por isso é como se já tivesse sido adoptada por aqui)

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Prato – “Boeuf bourguignon” pedaços de carne de vaca com cebola, ervas aromáticas e mais de um litro de vinho tinto. Fica entre 3 a 4 horas a cozinhar para a carne ficar macia e absorver todos os ingredientes.

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Salada (comida no fim com queijo) – Alface e queijo “camembert au lait cru” (o verdadeiro camembert dizem), “selles sur cher” (queijo de cabra) e “beaufort”

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Sobremesa – Tarte de maça (a sobremesa fácil e deliciosa dos domingos em família)

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Café e nougât

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Estava tudo perfeitamente delicioso e devo salientar que foi uma refeição preparada em conjunto, a Anne-Marie fez a entrada e o Fred preparou o prato principal.

O pequeno Eugéne partilhou de tudo o que estava disponível à mesa (à excepção do café), e no fim “roubou” dois pedaços de nougât e preferiu ir construir o puzzle da Europa que eu tinha trazido de Portugal.

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Mas ainda teve tempo de me dizer que o que gostou mais de comer nos países que já visitou foi “fish and fries” em Londres. E o que menos gosta quando viaja, é não conseguir entender as pessoas dos outros países. Está agora a começar a entender melhor o inglês (mas ainda tem um pouco de vergonha em falar).

Ah, é verdade! Também me disse que gosta mais de viajar em família do que com a escola: foi com os amigos numa visita de estudo a Londres durante um dia (a viagem de comboio demora cerca de 2h30 para cada lado) e acha que foi muito cansativo. Com a familia é tudo feito com mais tempo e calma. E até pode fazer algumas coisas escolhidas por ele.

A Anne-Marie até aproveitou para dar uma dica de como eles organizam as suas viagens em família. Quando iniciam a viagem dão a oportunidade a cada um – pai, mãe, filho – de escolher duas coisas a fazer ou a visitar naquele local e assim todos se sentem envolvidos e não vale reclamar quando estão a fazer algo que não gostam muito, pois sabem que a seguir será a sua vez de se sentirem mais realizados.

No futuro, gostavam de experimentar algo que ainda não fizeram: trocar de casas por uns dias, num qualquer período de férias, com alguém dos Estados Unidos por exemplo. Além do dinheiro poupado teriam a oportunidade de viver mais de perto a realidade local.

E assim, depois da comida aprovada e da conversa partilhada foi mais fácil encontrar a “porta” de saída e iniciar nova viagem rumo à fronteira com a Bélgica.

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Não é só em Portugal que não tem havido Primavera, também em Paris o tempo estava “cinzento”: ventoso, fresco e nada de Sol. E duas horas depois de deixar Paris, à chegada a Lille estava ainda mais fresco e até choveu um pouco (eu bem sabia que o meu polar vindo de Portugal ía ser útil nesta viagem!).

Agora já só pensava em descansar. Mais visitas estavam reservadas para o próximo dia, depois contarei aqui.

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