Para mim deixar a Alemanha foi também deixar o último país antes de entrar na Suécia – o meu destino final deste projecto de 10 noites.
Até agora conduzi sempre em auto-estradas, mas desta vez resolvi descansar um pouco do volante, mudar de paisagem e de forma de locomoção. Resolvi chegar à Escandinávia de ferry. Daqueles enormes, que levam os carros, têm restaurante e camarotes.
Também podia ter ido pela Dinamarca, mas não teria conseguido descansar durante algumas horas. Com partida na Alemanha há várias cidades de onde se pode apanhar o ferry e eu por uma questão geográfica (vinha de Munster) optei por Travemunde. Na estrada está tudo muito bem sinalizado, é bastante fácil encontrar a saída que leva à Escandinávia (há partidas para a Finlândia e a Suécia).
Quando cheguei ao edifício administrativo, onde se podem comprar os bilhetes (também podem e devem ser adquiridos on-line de forma a garantir vaga no horário desejado) fui informada que o próximo ferry, que era o das 22h, estava cheio. “Volte cá amanhã às 9h” foi a solução rápida da funcionária.
Mas perante a minha insistência ainda acrescentou “mas se quiser pode tentar ali na outra companhia”. Claro que eu quis. Na outra companhia, a TT Lines, deram-me duas hipóteses: ou ir às 22h por um preço (bastante) alto ou ir às 2,30h da manhã por cerca de metade. A decisão estava tomada.
Mas e o que faço até essa hora? coloquei de imediato a pergunta, pois já tinha reparado que o único restaurante do edifício fechava muito antes disso e na sala de espera (incompreensivelmente) não havia acesso à internet.
Com um largo sorriso, a rapariga loura por detrás do balcão sugeriu que fosse à praia, a poucos quilómetros dali. Agradeci a dica e finalizei a compra. Tinha acabado de perceber o quanto andava tão concentrada em cumprir rotas e horários, tão focada na condução que nem sabia que por ali havia praia. E não podia ter vindo em melhor altura, o dia estava quente, e a ideia de poder dar um passeio à beira-mar fascinou-me.
Acabei então por descobrir uma praia de areia fina, com um mar sem ondas nem água salgada – mar Báltico – e umas barracas de praia de verga bastante coloridas e “ergonómicas”. Acabei por descobrir uma pequena cidade costeira onde se respirava férias. E acabei o passeio a comer um gelado de manga servido por um brasileiro que considerava os 30 graus daquele dia “pouco calor”.
Depois de tudo isto, regressei ao edifício administrativo cerca das 23h. O embarque devia fazer-se duas horas antes do horário marcado mas eu ainda queria ir espreitar a loja de vinhos e chocolates para tentar entender porque conseguia “angariar” tantas visitas e movimentos de carrinhos de supermercado cheios de grades e caixas de vinho e cerveja.
Fiquei a saber que as bebidas alcoólicas são muito mais caras na Escandinávia do que na Alemanha e por isso tantos passageiros do ferry optavam por levar essas bebidas dali. Aliás, o restaurante entretanto tinha fechado mas a loja continuava aberta até à 1.30h da manhã.
O embarque atrasou bastante e como passei muito tempo na fila a aguardar a ordem para embarcar com o carro dentro do ferry, intercalando momentos de sonolência e de alerta, quando finalmente subi aos decks, fui para o camarote tentar descansar. Mas interiorizei que na manhã seguinte faria a exploração deste surpreendente meio de transporte.
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