Dicas

15 anos depois: viajar com bebés, crianças e adolescentes

16 Novembro, 2014

Hoje dei por mim a olhar demoradamente para o calendário. Comecei a fazer contas de cabeça. Mas como sempre, os números não enganam e a realidade é mesmo esta: faz este mês precisamente 15 anos que viajo com a minha própria família, aquela que eu escolhi construir.

Antes disso, sempre viajei com os meus pais, as minhas irmãs, avós, primos, tios, cunhados e sobrinhos. E não raras vezes conseguimos juntar as várias gerações e ramificações desta grande família no mesmo local.

Não será então estranho perceber que as reuniões familiares em modo viagens são das melhores recordações que guardo do meu crescimento. Tanto que quando comecei a construir o meu pequeno núcleo familiar, quis perpetuar esse legado e nunca deixar de ir sempre acrescentando novas memórias ao já vasto conjunto.

Já fomos dois, três, quatro, cinco e muitos mais, juntos, em direcção ao mesmo destino nacional ou internacional e foi delicioso ter os meus descendentes e ascendentes na mesma viagem.

15 anos depois

O Gonçalo a aguardar pela chegada do metro em Londres

Houve anos que viajámos muito mais que outros. Em alguns demorámos dois dias mas noutros dois meses. E ao longo deste tempo todo, conseguimos experimentar destinos, tipos de transportes e alojamento diferentes, alguns quase improváveis.

E posso dizer que todas estas viagens têm um lugar especial na nossa memória colectiva (mesmo que umas mais que outras) mas são seguramente responsáveis pela nossa identidade e forma como encaramos o mundo, tanto como indivíduos como família que somos.

É por isso também que ao fim destes anos todos não me canso de repetir a todos aqueles que ainda têm dúvidas se devem ou não levar os filhos nas suas viagens, a minha posição é sempre a mesma – na dúvida, vão!

Confirmei até recentemente como é fácil sair de casa com bebés e crianças (acho que com esta consegui chocar alguns pais com filhos nestas idades!), mas só vos digo, experimentem viajar com adolescentes e depois conversamos, combinado?

15 anos depois

O Gonçalo e o Francisco nas escadas rolantes

Viajo de avião com os meus filhos desde os cinco meses de cada um deles, por isso há regras e rotinas que já estão tão interiorizadas que nem penso nelas quando preciso de organizar e preparar uma saída.

Porque apesar das normais adaptações às diferentes fases de crescimento dos miúdos, desde bebés, passando pelos anos em que foram crianças e agora finalmente enquanto adolescentes, percebi que para se conseguir fazer uma viagem confortável há rotinas que se mantêm inalteradas na minha família há bem mais de uma década. Ou seja, surpresa para muitos, acho que não é assim tão diferente viajar em cada uma das fases de vida dos filhos. Há coisas que mudam muito pouco.

15 anos depois

Os miúdos gostaram de ver o trânsito a circular ao contrário em Londres

Aqui ficam alguns exemplos:

MOCHILAS

Começaram por ser recheadas com fraldas, papas, brinquedos e mudas de roupa, depois com livros, bolachas e mais mudas de roupa. Agora têm alguma comida e muita, mesmo muita, tecnologia (telemóveis, ipads, computadores, headphones…e claro os carregadores para isto tudo – uma cedência que é preciso fazer ao viajar com adolescentes).

No princípio era eu que as preparava, agora já são os miúdos que sabem o que lá querem pôr dentro (mas continuam a ser inspeccionadas por mim!). Também já houve uma altura em que fui eleita a transportadora oficial, mas desde que os bebés começaram a conseguir andar bem, essa tarefa cabe a cada um deles (em dose equilibrada, claro).

Mas a verdade é que a mochila continua a ser uma peça indispensável de qualquer kit de sobrevivência em família, quer viajemos de carro, comboio ou avião, por dois dias ou dois meses. Querem-se sempre à mão e recheadas de bens indispensáveis, sejam eles quais forem.

HORÁRIOS

Muitas vezes menos é mais. Já caí na tentação de apanhar voos muito cedo com a intenção de aproveitar ao máximo o dia já no destino, mas também cedo percebi que isso não era boa opção para mim nem para as crianças.

Logo na primeira vez que isso aconteceu, passei o dia inteiro a dormir no hotel com o Gonçalo, portanto lá se foi a intenção de o aproveitar ao máximo. E se quando eram pequeninos, os sonos ficavam baralhados e assim rapidamente rabugentos (eles e nós) porque não tínhamos dormido bem, agora imaginem baralhar ou não deixar dormir tudo e quando o que os adolescentes gostam. Pois adivinharam!

Mas devo acrescentar ainda que, mantendo os horários e ritmos habituais sem alterações drásticas como seja apanhar um voo às 5h da manhã, não tenho quaisquer outras queixas a apresentar sobre os sonos e sestas dos mais pequeninos e graúdos ao longo destes anos.

RESUMOS

Em viagem, no fim de cada dia, ou pelo menos no regresso a casa, gosto de fazer um resumo oral e colectivo. Gosto de pedir aos participantes para enumerarem o que mais e o que menos gostaram daquela viagem. Assim dá para ficarmos com uma noção do que correu mesmo bem e do que até podemos melhorar para a próxima.

Mas também dá para confirmarmos que somos todos diferentes e que há coisas que nos preenchem mais que outras e nos tocam de modo distinto a cada um de nós. E isso também é uma grande lição – saber aceitar e respeitar.

No entanto, também faço este exercício de uma forma escrita e individual. Ou seja, escrevo num caderno (ou no blog) o que acabei de viver. Porque aquele lugar ou pessoa, aquela frase ou experiência com o tempo e a sobreposição de outras tantas lembranças vai perdendo a importância, a nitidez, os detalhes.

Mesmo quando juramos que nunca os iremos esquecer, corremos o risco de ver chegar o dia em que isso acontece mesmo. Por isso é que é um bom hábito e transversal em qualquer idade.

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