Sempre que vou ao Hard Rock Cafe, lembro-me dum restaurante a que fui várias vezes durante o ano que vivi nos Estados Unidos. Não me recordo sequer do verdadeiro nome do estabelecimento, mas para mim será sempre o restaurante do YMCA.
Porque lá se cantava e dançava essa música! Sempre. A todas as refeições.
Ora experimentem lá cantarolar em inglês, Y-M-C-A… Lembram-se da canção dos Village People (1978)? Pois foi por isso mesmo que o tal restaurante nunca mais abandonou as entranhas da minha memória.
Era um lugar completamente diferente do normal, completamente meio louco, onde os clientes não íam lá simplesmente para comer. Todos nós íamos lá para cantar, para fazer gestos estranhos com os braços, mas principalmente para nos rirmos desalmadamente uns com os outros e sim, com as tolas figuras que os outros faziam também!
Então funcionava assim: tudo decorria dentro da normalidade, até a tal canção YMCA começar a tocar. Nessas fracções de segundo, os empregados largavam TUDO, mas tudo mesmo, o que estavam a fazer e subiam para CIMA das mesas ou dos balcões!! Sim, eu repito, subiam para cima das mesas ou dos balcões do restaurante.
Cantavam e dançavam, acompanhando sempre com gestos de braços que pretendiam imitar as quatro letras, Y-M-C-A. Claro que os clientes se sentiam super tentados a fazer o mesmo – apenas a parte de cantar e fazer os gestos com os braços, entenda-se, acho que subir para cima das mesas seria um pouco de mais. 🙂
E assim, por alguns minutos aquela sala de restaurante era invadida por uma qualquer insanidade colectiva quase inexplicável….E, para contentamento de muitos, isto repetia-se algumas vezes durante uma refeição. Eu gostava principalmente do factor surpresa e alucinante da coisa, nunca se sabia quando a música ía surgir.
Depois, quando começava qualquer outra canção a tocar, tudo voltava à aparente normalidade (com algum tempo de recuperação para os clientes, que ficavam ali a limpar as lágrimas de pura felicidade durante vários minutos…).
Acho que nunca mais encontrei um lugar assim, tão divertido, tão simples e saudavelmente louco. Era mesmo uma experiência única, e mais, indicada para todas as idades.
E pronto, agora já sabem a razão do meu sorriso inevitável, de cada vez que entro num Hard Rock Cafe (onde aparentemente ninguém anda a tentar desenhar letras com os braços no ar nem a cantar em cima das mesas).
Mas onde aquele universo americano me remete de imediato para o delírio que eu, enquanto jovem universitária da década de 90, vivi nas visitas a um restaurante num país do outro lado do Atlântico.
Tudo no Hard Rock Cafe, me faz lembrar os Estados Unidos. Desde a informalidade dos funcionários que se apresentam pelo nome próprio quando chegamos: “Olá, eu sou o Pedro e estou aqui para vos servir hoje. Em que posso ajudá-los?”.
Até à indumentária usada: saias curtas, muitos pins pendurados na roupa…Mas a ementa também não engana, lá há hambúrgueres gigantes com tudo e mais alguma coisa, à escolha do freguês!
Há uns dias fui então ao Hard Rock Cafe de Lisboa porque senti saudades dos nachos que lá servem – tortilhas de milho, mix de feijões, queijos, cebolinho e sour cream.
A dose é extraordinariamente grande, por isso só vale a pena pedir se quiserem partilhar, dá perfeitamente para quatro pessoas.
Já não me lembrava era que o tamanho da dose das sobremesas era igual.
Ou seja, também dá para quatro gulosos!
E porque fui durante o mês de Outubro, havia um hambúrguer especial – o Octoberfest Schnitzel Burger (lombo de porco panado com bacon, mostarda e rúcula em pão pretzel).
Estou habituada a comer comida com muito pouco sal por isso achei um bocadinho salgado, mas gostei bastante do pão e do detalhe de incluir couve salteada.
Há uma ementa especial para os miúdos e o hambúrguer que pedimos vinha num prato em forma de guitarra e trazia uvas cortadas.
Portanto além de se apresentar divertido, também era minimamente saudável. 🙂
Não sei se fazem parte daquele grupo de pessoas que ganharam o hábito de ir ao Hard Rock Cafe em qualquer cidade do mundo que visitam…
E que gostam de coleccionar as suas mais que típicas t-shirts brancas com o símbolo amarelo estampado.
Eu, de vez em quando, vou a alguns destes restaurantes, mas porque gosto do ambiente e de ser invadida pelas tais recordações divertidas que guardo da minha estadia nos Estados Unidos.
Confesso, até mais do que da própria comida que por lá encontro – à excepção dos fantásticos nachos, claro! 🙂
Como devem saber, cada restaurante tem uma decoração diferente apesar de remeter sempre para elementos da música e do rock.
Em Lisboa, por exemplo, há um carro pendurado no tecto e peças de roupa expostas de vários artistas famosos, nacionais e internacionais.
E claro, como em tantas outras cidades do mundo, em Lisboa não falta a loja onde podem encontrar muito merchandise e as famosas t-shirts com o logotipo do Hard Rock Cafe e o nome da cidade onde são compradas.
E é precisamente a isto que me refiro, quando digo que as viagens criam memórias colectivas únicas em família, daquelas que jamais ninguém nos pode tirar.
Em 1997 (o ano que passei nos Estados Unidos), os meus filhos ainda não existiam claro. Mas tenho uma listagem infindável de descobertas, aventuras vividas com eles (algumas até bem perto de casa) e sei que é isso mesmo que vai perdurar no tempo, que é apenas isso mesmo que levamos connosco onde quer que estejamos.
Sei que é disso que vamos falar quando recordarmos a infância deles. E muito provavelmente, é disso que nos vamos todos desmanchar a rir sem motivo aparente, quando estivermos juntos e alguém dizer uma frase ou fizer um qualquer gesto por mais simples que seja e mais ninguém neste mundo saberá o que se está ali a passar, para além de nós (na verdade, isto já acontece com bastante frequência!).
Estes serão sempre os nossos momentos muito especiais. Intransmissíveis. Irrepetíveis.
Por isso recomendo sempre que viajem com os filhos enquanto podem. Para mim, porquê fazer férias em família está bem resolvido há muitos anos.
Para terminar, deixo apenas uma pequena observação: se da próxima vez que entrarem num Hard Rock Cafe, se lembrarem desta minha história do YMCA e ficarem com um sorriso meio tolo na cara, será preferível explicar às pessoas que vos acompanham o que se está a passar. Eu costumo fazer isso (sempre é melhor do que alguém ficar preocupado com a nossa sanidade). 😉
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Restaurante Hard Rock Cafe Lisboa
Avenida da Liberdade, 2
Lisboa, Portugal
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