Quando os dias estão bonitos, mesmo no Inverno, o parque das Caldas da Rainha, oficialmente conhecido como Parque D. Carlos I, é um excelente passeio para fazer com toda a família.
E garanto-vos, curiosos, activos, contemplativos, novos e menos novos, lá existe escolha de actividades para todas as idades e personalidades. Foi por isso também que o elegi como um lugar especial, incluindo-o no meu projecto Desafio dos 40 anos, 40 lugares que me vai levar a visitar 40 lugares com a ajuda do olhar atento e único dos seus habitantes locais.
A parte boa de não me ter obrigado a cumprir quaisquer regras geográficas quando iniciei este projecto é que posso, sempre que me apetecer, fazer incursões a regiões menos retratadas (turisticamente falando) e assim dar-vos sugestões menos óbvias e até fora dos habituais roteiros das grandes cidades, o que acaba por tornar cada nova sugestão numa surpresa!
Os lugares contemplados são escolhas pessoais, porque abarcam 40 lugares que de alguma forma fazem parte da minha vida, do crescimento dos meus filhos, lugares que considero mágicos ou que sempre quis conhecer melhor. Não há mais regras, posso apenas dar-vos a garantia de que são lugares que valem uma visita em família. E espero que se torne também numa selecção inspiradora para os vossos próprios passeios.
O parque das Caldas da Rainha é então um parque no centro de uma cidade que fica a menos de uma hora de distância de Lisboa e que pode muito bem ser visita para conjugar com outros passeios no Centro de Portugal. Tem a vantagem de estar aberto todos os dias, ser um local gratuito, ao ar livre e em contacto com a natureza.
Durante muitos anos, fui lá várias vezes com os meus dois rapazes, eles gostavam principalmente de uma corda que havia no parque infantil e que lhes fazia lembrar as aventuras do Tarzan. De oferecer as sobras do lanche aos patos e peixes brancos ou laranja e de uma estátua a que chamavam de urso, onde não se cansavam de descobrir qual a melhor forma de colocar os seus dedinhos dentro de um tal nariz de pedra, sem se desmancharem logo a rir. E eram horas nisto…em coisas tão simples e aparentemente tão despropositadas mas felizes…
Mas bom, avançando da parte das saudades…Desta vez, decidi convidar a Cristiana para me acompanhar na visita. Sei que o parque das Caldas da Rainha também é escolha recorrente dela e dos filhos para muitos passeios.
É um jardim romântico, que valoriza o sentimentalismo e nasceu da vontade de transformar umas vinhas lá existentes. Foi inaugurado em 1892 (remodelado em 1948) e ainda hoje mantém os grandes portões de ferro e os bonitos bancos de jardim em madeira, a fazer lembrar outros tempos.
Já serviu de apoio ao Hospital Termal, ao extinto Casino e foi espaço de exposições para as tradicionais Feiras da Cerâmica e da Fruta. Actualmente é um grande mostruário de muitas espécies de enormes árvores e bonitas plantas.
E apesar do parque das Caldas já ter alguns anos (a arquitectura dos pavilhões, onde chegou a estar uma biblioteca e uma escola, os detalhes muito charmosos dos tais bancos encarnados de madeira ou o encanto do trabalhado gradeamento no lago não enganam), penso que tem conseguido manter-se actual e cuidado, sendo por isso que não deixa de atrair tantas famílias que gostam de momentos simples e descontraídos.
Combinei com a Cristiana em frente à Casa dos Barcos e ela apareceu de bicicleta na mão. E foi assim mesmo que percorremos este lugar, passando por alguns dos principais espaços visitáveis que lá existem:
O Parque Infantil – Tem diversos baloiços e chão com areia para correrias e brincadeiras.
O Lago – Há patos à solta e barcos a remos disponíveis para alugar (Primavera e Verão).
O Museu José Malhoa – Tem o maior número de obras do pintor português José Malhoa.
O Coreto – Um bonito exemplar de um espaço cultural que se adivinha cheio de sons e pessoas.
O Café/Restaurante – Serve refeições, bebidas, gelados e tem uma esplanada fantástica.
O Clube de Ténis – Existem quatro campos para aulas e aluguer à hora.
E enquanto percorríamos os vários caminhos do parque das Caldas, a Cristiana contou-me algumas das suas peripécias por ali – na adolescência, era normal existir uma espécie de concurso entre os amigos para ver quem conseguia executar a melhor fuga ao guarda, já que não era permitido pisar a relva e eles gostavam de fazer rodas de conversa e piqueniques no chão – e as histórias que ouve os pais contarem – de um lado do parque existia um Casino, um dos poucos do país e do outro lado havia o Hotel Lisbonense (hoje é o Hotel Sana Silver Coast) onde decorriam os grandes bailes de Carnaval, por sinal, bastante famosos por toda a região.
Claro, que a veia artística da Cristiana Resina – ela tem um atelier cheio de coisas giras para os quartos dos miúdos, tudo feito à mão e personalizável – não se esqueceu de me relembrar duas visitas imperdíveis a fazer também nesta cidade onde a cerâmica é arte super recomendável:
1. Visitar a loja da Bordallo Pinheiro, que tem aquela loiça tão característica do artista Raphael Bordallo Pinheiro (folhas de couves, andorinhas, rãs, galinhas ou até caricaturas de algumas personalidades mundiais). Confesso, eu não me contive e comprei uma prendinha de aniversário para uma amiga lisboeta. Para quem tiver a mesma ideia, saibam que a loja fica encostada a uma das entradas do parque das Caldas (perto do parque de estacionamento).
2. Percorrer a Rota Bordaliana, que desde há uns meses tem várias peças (gigantes) do mesmo Bordallo Pinheiro espalhadas pelas principais vias da cidade. Achei uma ideia engraçada para passar umas horas bem divertidas com os miúdos. É preciso estar sempre de sentidos bem alerta, assim mesmo como se estivéssemos à procura de um tesouro (a fazer lembrar o geocahing), até porque nunca sabemos muito bem onde as peças estão (algumas foram colocadas em locais improváveis, em cima de telhados de quiosques por exemplo). Existem dois percursos, um curto e um longo, para fazer a pé e contem com pelo menos uma hora para esta descoberta cultural.
Quem é que conhece este parque, ou qualquer outro que também mereça uma visita em família?
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Parque D. Carlos I
Caldas da Rainha, Portugal
Entrada: grátis
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Este é o Lugar #2 do Desafio 40 anos, 40 lugares
Não se esqueçam de ir acompanhando os outros lugares especiais!
E por enquanto, podem espreitar os que já visitei para este projecto:
#0 – O Baleal é a minha praia – Peniche
#1 – A Gulbenkian em Lisboa está cheia de curiosidades – Lisboa
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