Fazer um InterRail é assim como fazer uma viagem mítica. E é uma daquelas aventuras que muitos planeiam fazer em determinada fase da vida, mas que por diversos motivos acabam muitas vezes por não conseguir realizar.
É um tipo de passeio muito associado à adolescência (talvez pelo possível desconforto ou grau de aventura que representa) mas é realizável por todos com vontade para isso!
Durante os anos de faculdade, eu sonhei muitas vezes em meter-me num comboio sem roteiro definido ou data de regresso marcada. Acabei por concretizar essa façanha vinte anos depois. Foi delicioso!
E nesta minha experiência de andar a viajar de comboio pela Europa com um passe no bolso, aprendi algumas coisas. São coisas muito simples, práticas e até pessoais. Mas é aquilo que direi a qualquer amigo com ideia de fazer um InterRail.
Foi uma coincidência de factores que me levou a fazer um InterRail em 2014. Às vezes faço assim viagens sozinha, mas consigo sempre atestar o seu grau family friendly e anoto tudo para a lista das férias em família … sim, sim, eu sei que é um trabalho duro, mas alguém tem de o fazer. Certo? 😉
O mais parecido com InterRail que fiz com os miúdos foi uma viagem entre Copenhaga e Amesterdão. Fomos dormir num comboio internacional e foi muito giro. Pode ser que um dia consiga fazer uma viagem de InterRail à séria com eles!
Porque é meeeesmo uma experiência inesquecível, bastante diferente e divertida. A fantástica sensação de hoje estarmos num país e no dia a seguir já estarmos noutro é indescritível. De estarmos perto de tudo e pertencermos a todo o lado.
Em 1997, quando estava a viver nos Estados Unidos fiz algo semelhante com o InterRail. Não me lembro agora do nome, mas era o InterRail lá do sítio.
Lembro-me que tínhamos 15 dias de férias da Universidade e grande parte das minhas amigas foram para o Havai. Mas eu lá ía conseguir ficar duas semanas esticada ao sol e sempre no mesmo lugar! Então, por falta de companhia, acabei por embarcar sozinha na minha primeira grande viagem de comboio.
Já na altura a decisão era: ou não ir ou ir sozinha. E claro que já na altura, não desperdicei a oportunidade de conhecer parte do interior e Costa Leste dos Estados Unidos.
E foi assim que Chicago, Memphis, Nova Orleães, Atlanta, Washington D.C. ou Nova Iorque ficaram na minha memória até hoje de uma forma tão querida. Convém também não esquecer que em 1997, eu não tinha acesso à internet nem a telemóveis, mas só consigo guardar as melhores recordações daqueles dias de descoberta a solo.
Para os que pensam que o InterRail é daquelas coisas que tem uma idade própria para se fazer, desenganem-se. Pois o bilhete que começou por ser só para jovens, agora dá as boas-vindas a crianças e adultos.
Também flexibilizou o formato: além do tradicional mês de viagem, agora há outras opções mais curtas e quase personalizáveis caso a caso. Mais informações aqui.
Sobre o InterRail, a saber:
1. É sempre preciso reservar e pagar um valor pelas viagens
O passe não nos dá acesso directo aos comboios. É preciso marcar e confirmar disponibilidade de lugares. E às vezes consegue-se marcar tudo logo de seguida desde a estação de origem até à estação do destino final. Outras vezes tem de se fazer paragem a paragem, estação a estação, sempre que há mudanças de comboio, país ou empresa.
Há também que ter em conta que até no mesmo país e empresa (à semelhança dos voos) há dias e horários mais acessíveis que outros. Eu já paguei entre os 3 e os 30 euros por trajecto.
E há ainda que contar com aquelas coisas que ninguém me sabe explicar: por exemplo, como é que uma viagem nocturna de 10 horas, com cama, é mais barata que uma viagem diurna de 3 horas, em cadeirão? Pois não sei!
2. Não comecem em Portugal
Comecem por exemplo, em Paris ou Berlim. Apanhem um voo até lá. A ideia é escolher uma cidade facilmente acessível e conveniente para a zona da Europa que vão querer conhecer.
E isto tem uma razão simples: a pior parte do caminho (para nós, que moramos num dos extremos do continente europeu) é realmente chegar ao centro da Europa, tendo de percorrer Portugal, Espanha e grande parte de França que são precisamente as distâncias maiores.
Uma vez em Paris, as distâncias a fazer entre as cidades são mais curtas, o que diminui significativamente as horas passadas dentro do comboio, ou seja aumenta a qualidade geral da viagem.
3. As coisas correm sempre melhor do que imaginam
Não sei se é sorte de principiante, se é de mim (que só dou importância aquilo que realmente vale a pena) mas a verdade é que tudo me parece digno de registo, para o bem.
Desde o atendimento para comprar os bilhetes, passando pelos funcionários/revisores dentro dos comboios, até aos efémeros companheiros de viagem, tudo foi uma agradável surpresa nesta viagem de InterRail.
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1 Comentário
Joana, fiquei curioso sobre o interrail. Como ele funciona?