Conheci o Tiago Salazar em Istambul há uns anos. Pessoalmente. Porque gosto de pensar que já o conhecia um bocadinho através das suas viagens em forma de palavras que me habituei a devorar.
E foi lá, entre mais um golo de chá e um pedaço de conversa solta, numa mesa de café em Istambul que ele me autografou pela primeira vez dois dos seus livros (que eu tinha cuidadosamente incluído na bagagem desde Portugal para aquele grande momento!).
Quanta honra, ter a oportunidade de calcorrear a cidade na companhia de um reconhecido escritor e viajante da actualidade. Lembro-me perfeitamente de sentir o coração a bater muito rápido, os olhos a cintilar e as frases atropeladas, que o acontecimento também não era para menos, pensei eu, logo que pisei solo turco.
Mas também me lembro de não contar ser desarmada assim, nos primeiros minutos daquele nosso encontro. Dois beijinhos e um sorridente “Então, como estás? Correu bem a viagem?” bastaram para me tranquilizar. E ter a certeza que ali não existiam manias de vedeta. Afinal à minha frente estava apenas um viajante doce e disponível para partilhar algumas das suas histórias e experiências pelo mundo.
Recentemente reencontrei-me com o Tiago. Em Portugal. Também numa mesa de café e também com os seus dois últimos livros para ele me autografar.
E é precisamente com o Crónica da Selva (não está à venda nas livrarias) – um compêndio das crónicas originalmente publicadas na revista Visão Vida & Viagens e no suplemento Fugas do jornal Público, resultado da recolha de conteúdos no Brasil para o seu programa “Endereço Desconhecido” – que me quero deixar perder durante as próximas horas.
Quero deliciar-me com as pessoas e os lugares que ele conheceu. Com as descobertas e as aventuras por que passou. Pelos “encontros do acaso” e as “coisas que acontecem quando nos entregamos ao princípio de que são os países e os lugares que nos atravessam (e não o contrário)”.
Desde uma viagem de táxi em Porto Alegre, passando pelo nascimento de uma bonita amizade em Campo Grande, uma demorada explicação sobre o seu nome próprio no aeroporto de Manaus ou até ao regresso à Costa do Cacau e Itacaré.
Acho que afinal o que me apetece mesmo é recordar as quentes e divertidas visitas que fiz em várias cidades brasileiras em família. E sei que vou gostar de comparar os passeios dele com os nossos, tentando encontrar os pontos em comum e as diferentes perspectivas com que sentimos o mesmíssimo lugar naquele arrebatador país que é o Brasil.
Por isso, para quem já lá foi e quer voltar, para quem nunca lá esteve e sonha em conhecer, este Crónica da Selva é sem dúvida um bom ponto de partida. E assim de repente, é mesmo um dos melhores programas que me lembro para fazer num fim de dia chuvoso português. 🙂
E por aí? Já alguém leu livros ou crónicas do Tiago Salazar?
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Crónica da Selva
Autor: Tiago Salazar
Edição: Ricardo Neves Produção Lda – A.23 Edições
Ano: 2014
Preço: 14,90 euros
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