Chão do Rio é nome de Turismo de Aldeia em Travancinha. Que lugar mágico este… a fazer quase lembrar um cenário de filme, de tão idílico e tranquilo que é!
Rodeado pela natureza, chega a parecer que estamos a quilómetros da civilização, super longe de tudo e de todos, mas afinal o lugar está apenas a 15 km de Seia, no Centro de Portugal.
Depois de lá chegar, fiquei a saber que o nome Travancinha vem de travanca, que significa um obstáculo ou ponto de bloqueio aos romanos.
E assim como que para atestar o real significado desta terra, existe até uma bonita calçada romana, mesmo ao lado de um dos limites do terreno.
Mas esta não foi a única surpresa que encontrei no Chão do Rio, um lugar que começou por ser o refúgio de fim-de-semana da Catarina e do companheiro (na época ainda sem as suas duas filhas).
No início era apenas uma casa rústica com sala e dois quartos (que agora também se aluga e continua a ser a única diferente das restantes, entretanto construídas).
A história deste projecto Chão do Rio começa então assim. O casal viu este pedaço de terra à venda numa revista. Apaixonou-se pelo sítio, à data, cheio de pinheiros bravos antigos. Em 2001, comprou o terreno.
E apenas em 2013 decidiu começar a transformar o espaço num lugar aberto a visitantes amantes da natureza e do sossego.
Pelo caminho, muitos dos pinheiros (que já eram bastante velhinhos) acabaram por desaparecer. O casal resolveu então recuperar o bosque e desatou a enterrar bolotas.
Trabalho de muuuuita paciência, que acabou por resultar no que é hoje uma mancha de carvalhos mais ou menos densa.
Mas oito hectares é muita terra e por isso no Chão do Rio também é possível encontrar medronheiros e salgueiros que são um sinal importante do equilíbrio florestal.
Às giestas lá do sítio foi dado um fim bastante útil, já que foram utilizadas para cobrir os típicos telhados das novas casas.
E eu espantei-me: tinham assim tantas giestas?… a Catarina desvendou logo o mistério: “não, as nossas não chegavam por isso andámos a ajudar na limpeza dos terrenos vizinhos. Sempre que possível, dou prioridade às parcerias com os locais”. 😉
As novas cinco casas são iguais na construção, apenas diferentes na decoração.
No rés-do-chão existe uma kitchenette completamente equipada (com um pano a tapar as prateleiras inferiores, a fazer lembrar qualquer cozinha de avó), uma cama para duas pessoas, uma área de estar com um sofá, mesa para refeições, casa de banho, lareira e alpendre com mesa e rede de descanso.
No 1º andar, um quarto com cama de casal e uma pequena varanda.
Ideia da Catarina: “se tivesse tempo, era aqui que gostava de praticar ioga”. 🙂
Foi enquanto estava deitada que reparei melhor no detalhe: há madeira por todo o lado, no tecto, no chão, nas paredes, nas janelas… assim lacada a branco, é um material que me remete de imediato para os países nórdicos e para um sentimento de conforto/aconchego.
Senti que por ali a simplicidade e a honestidade são aliadas. Tive mesmo aquele sentimento de estar em casa, entre família. É deliciosa esta sensação, não é?
Os nomes escolhidos para identificar as casas também têm um significado interessante.
Remetem para as tradições locais, a cultura pastorícia da região, a vida simples e equilibrada do campo. São pois o mote para a decoração personalizada:
- Churra
- Pastor
- Ribeira
- Cotovia
- Loba
E saibam que mediante a disponibilidade do momento, ao reservar no Chão do Rio pode-se até escolher a casa que mais se gosta. 🙂
A recriação desta pequena aldeia, feita de casinhas em pedra, faz-se então do melhor dos dois mundos: o charme do antigo e as comodidades contemporâneas.
A Catarina disse-me uma coisa que não me saiu da cabeça. “Uma vez tive um cliente que ficou uma semana, mas à saída confessou-me que as duas primeiras noites foram horríveis. Não conseguia adormecer, tal era o silêncio que se ouvia!”
No Chão do Rio vai-se assim conseguindo manter o contacto com o incrível céu estrelado, os tons da terra, os cheiros naturais, os sons da aldeia (sim, ouve-se o sino da igreja tocar e o galo cantar várias vezes por dia). Ou até com os inconfundíveis sabores da colheita fresca da horta.
Por volta das 17h é hora de ir recolher o saco de pano, recheado de pão morno e estaladiço, deixado no alpendre da casa pela padeira da terra.
Ali, tive mesmo a sensação de estar em casa de uma avó, numa quinta de família que visitamos para matar saudades das coisas tão simples e tão boas da vida.
E há tanta coisa gira para visitar nas redondezas: Seia, Serra da Estrela, praias fluviais ou até Viseu… mas quem quiser ficar apenas pelo Chão do Rio, também fica muito bem!
Contem com a simpatia da Estrela e da Flor (as ovelhas) e com a mania das galinhas, que agora aprenderam a esconder os ovos, para que ninguém os consiga recolher “ainda quentinhos” no habitual cesto diário.
Andar no campo é uma aprendizagem constante, como também devem saber.
Por exemplo, sabiam que as libelinhas nascem na água ou que têm uma visão incrível capaz de captar movimentos que o olho humano não consegue?
Pois, no Chão do Rio há a oportunidade de viver a natureza ao vivo, com mais alguns extras!
Segundo a Catarina, “não temos muita serra, mas temos bastante variedade”.
Ora aqui ficam algumas sugestões para fazer por lá:
- PISCINA EXTERIOR BIOLÓGICA (as rãs e plantas fazem parte do ecossistema, enquanto a pele dos banhistas fica super macia)
- MESAS DE PIQUENIQUES
- REDES DE DESCANSO
- CHARCA (uma excelente promotora da biodiversidade pois “onde há água, há vida”)
- TRILHOS DE CAMINHADA E OBSERVAÇÃO DE PÁSSAROS
- BICICLETAS (de uso livre)
- LAJE ESCORREGADIA (rampa fantástica para brincar)
- ANIMAIS (ovelhas e galinhas que os miúdos podem alimentar)
- FORNO E CHURRASQUEIRA
- HORTA
- PARQUE INFANTIL
Outra delícia (e ponto alto desta visita) é a cesta do pequeno-almoço, que já está em cima da mesa, quando chegamos. As perdições são tantas, que espero não me esquecer de nada… assim, em lista:
- Compota de abóbora (feito pela D. Emília, funcionária do Chão do Rio, com as abóboras da horta biológica)
- Ovos da quinta
- Leite, sumo e água
- Iogurtes
- Fiambre e queijo fatiado
- Manteiga
- Requeijão da Serra
- Mel da Serra
- Fruta
- Bolo Negro de Loriga
- Pães de leite
- Café, chá e chocolate em pó
Com a intenção de manter o Chão do Rio parte integrante da vida dos locais daquela pequena terra e de aproveitar os recursos existentes de uma forma mais sustentável, existem por lá também várias parcerias que facilitam e mimam – em muito – a vida aos visitantes.
Tomem nota:
- Serviço de entrega de refeições
- Massagens
- Terapias orientais
- Stand up paddle
- Caminhadas na natureza
- Passeios a cavalo
- Workshops de fotografia
- Workshops de alimentação, saúde e natureza
E existem outros tantos pormenores que tenho mesmo de referir.
Este é um alojamento que dá para famílias até 5 pessoas e com animais de estimação. O serviço de limpeza é diário e o sinal de internet “tem umas horas melhores que outras”, mas lá vai dando para consultar o que não pode mesmo esperar.
Existe uma lojinha com produtos típicos da região, entre os quais os sabonetes de leite de cabra serrana disponíveis na casa de banho das casas.
À chegada, é entregue uma pequena lanterna para cada casa, não vá alguém querer fazer descobertas pelo campo durante a noite. À entrada, pendurado num cabide, existe um saco térmico para piqueniques.
Uma divertida curiosidade que vai encantar os miúdos é que as casas que ficam um pouquinho mais longe do estacionamento, podem utilizar os carrinhos-de-mão para transportar as malas. Mas os pequeninos que lá quiserem entrar para brincar, também podem, claro!
Saibam ainda que o caminho para chegar ao Chão do Rio pode ser um pouco “chato” durante alguns quilómetros, com muitas curvas, subidas e descidas.
Recomendo que não o percorram à noite (principalmente se for a primeira vez). Mas que este destino vale a pena conhecer, lá isso vale.
CHÃO DO RIO
O que MAIS gostei:
- O cheiro a campo e a limpo sempre que se abre a porta de casa
- A simpatia e disponibilidade dos funcionários (que nos fazem sentir família)
- O sossego e a natureza envolvente
- A preocupação de sustentabilidade e anti-desperdício
- A diversidade de actividades disponíveis (simples, mas muito enriquecedoras)
O que MENOS gostei:
- A falta de cortinas nas janelas (resultado: total luminosidade ou total escuridão)
- As escadas escorregadias para o 1º andar da casa
CHÃO DO RIO
Rua da Calçada Romana, Travancinha
Seia, Portugal
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