Às vezes os meus amigos perguntam-me onde devem ir passar as férias com a família.
Possivelmente estão à procura de “soluções miraculosas”. Pois passo a informar: não existem! À parte de um ritmo muito mais calmo que as viagens em família impõem logo à partida, em comparação com viagens sem crianças, normalmente começo por responder que há poucos sítios onde não me lembraria de levar os meus miúdos.
Ou seja, em regra geral penso que todos os lugares podem ser giros para as crianças e que o mundo é fácil (como diz o Gonçalo Cadilhe). Acredito que em qualquer lugar há motivos de interesse que podem agradar aos diversos membros da família, independentemente da idade e dos gostos pessoais.
Apesar de existirem locais com uma margem de sucesso garantido (parques de diversões, resorts em grandes estâncias balneares), óptimo claro!, mas defendo que devem ser limitados ou melhor, devem ser usados incluídos noutras escolhas, noutros tipos de férias mais reais e verdadeiros.
E até há muitas opções para quem não quer passar horas sentado num avião, gastar muito nem sequer procura culturas demasiado exóticas. Às vezes basta apenas estar disponível para uma nova abordagem aos locais mais óbvios e próximos.
Tento também sempre incentivar que façam uma viagem independente (pensada e marcada pelos próprios viajantes) ou na sua essência mais pessoal e menos comercial, tarefa hoje em dia bastante facilitada devido às marcações online de hóteis ou voos, às agências de viagens alternativas – com ênfase na aventura e personalização e claro, à informação disponível e acessível a todos na net, revestida de dicas preciosas em incontáveis sites, blogs, reportagens.
Às vezes sou bem sucedida nesta minha missão, outras nem tanto! Porque também compreendo que há condicionantes de tempo ou mesmo de prioridades pessoais que os leva a procurar um programa “chave na mão”. E há quem não goste mesmo nada da parte do planeamento.
Pois eu gosto muito de pesquisar e de organizar! E as horas que passo em frente ao computador ou a devorar páginas de livros ou revistas já são parte da viagem, são um prazer, e raramente são a “parte chata”.
Mas esses tais amigos também me perguntam: “e tu, como escolhes os teus destinos?” muitas vezes acompanhado de “onde vais buscar as ideias?”. Muita curiosidade e pesquisa, é invariavelmente a minha resposta.
Quando planeio novos projectos ou marco mais uma viagem, às vezes tenho um motivo muito específico que serve apenas de “desculpa” para continuar a perseguir o sonho:
- visitar um evento ou exposição
- participar numa tradição nacional
- experimentar um novo alojamento ou meio de transporte
- provar novas receitas
- conhecer pessoas do mundo digital em espaços reais
E muitas vezes, por proximidade espacial ou pura coincidência, consigo juntar muitas destas coisas numa só “ida e volta”.
No fundo, procuro sempre inovar e é também isso que me cativa – a renovação constante da viagem. E é assim que ao longo dos anos tenho feito várias vezes, por exemplo:
- viagens de avião multi-city:Lisboa/Copenhaga/Berlim/Lisboa, aliando a modernidade de Copenhaga (Dinamarca) com a históra de Berlim (Alemanha)
- viagens de avião multi-city e roadtrip multi-estados: Bahia/Sergipe/Alagoas/Pernambuco, conhecendo a agitação de Salvador (Brasil) e a beleza de Porto de Galinhas (Brasil)
- viagens de avião e comboio: Lisboa/Bruxelas/Bruges/Bruxelas/Lisboa, visitando a multifacetada Bruxelas (Bélgica) e a pacata Bruges (Bélgica)
Entretando também fui experimentando diferentes meios de transporte e de alojamento. Sabendo que o avião é sempre o mais rápido, mas quando o factor tempo não é prioridade, há formas de transporte bem mais interessantes e ecológicas: carro, comboio, bicicleta, barco, ferry.
Assim como o hotel é normalmente o mais prático ou confortável mas há opções alternativas para dormir muito mais engraçadas e memoráveis: avião, comboio, barco, ferry.
As ideias, a inspiração, para novas “desculpas” de viagem podem surgir de muitos lados:
- experiências de outros viajantes (relatos e álbuns de fotografias)
- revistas de viagem
- livros de viajantes-escritores (e já são muitos em Portugal)
- outros livros que não sendo de viagens, contam histórias deliciosas de locais tão fantásticos que só apetece lá ir verificar se é mesmo assim!
E quando isto tudo acontece numa altura em que já temos a nossa viagem planeada mas ainda não realizada? É uma confirmação da boa escolha! Foi o que me aconteceu quando visitei a Livraria Palavra de Viajante no Verão e me aconselharam (muito perto de iniciar o meu projecto do Midsummer) a leitura do livro – A maravilhosa viagem de Nils Holgersson – uma história através da Suécia entre um menino de “cerca de catorze anos” e um ganso doméstico. Aventuras feitas de crescimento e de aprendizagens. Tal como todas as viagens deviam ser.
Em jeito de conclusão, acrescento ainda que respondo aos meus amigos como respondo a uma premissa inicial da criação deste blog: as férias em família não têm de se limitar apenas aos programas em resorts. Ampliem a vossa escala de escolhas e tornem cada momento irrepetível. Cada viagem única. E só vossa.
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