Dicas

Fazer um Gap Year é aprender o que não se aprende na escola

13 Outubro, 2017

A tradução de Gap Year será qualquer coisa como Ano de Intervalo ou Ano Sabático, assim entendido como uma pausa. Uma paragem ao longo da vida académica ou profissional.

E na verdade, não tem de ser um ano (12 meses) para ser considerado um Gap Year. Tem é de ser uma experiência, normalmente internacional, organizada e enriquecedora.

Sabiam que em média, 1 em cada 5  jovens desiste ou muda de curso no 1º ano de faculdade? Pois… porque como também devem saber, o sistema de ensino continua muito afastado do “mundo real”, do mercado de trabalho e os miúdos sentem-se confusos… o que até pode ser sinal de uma boa dose de inquietude saudável!  😉

gap year portugal

(imagem: gap year portugal)

Fazer um Gap Year é algo bastante comum nos Estados Unidos, Austrália ou Norte da Europa, por exemplo. Por cá, talvez o Erasmus seja mais conhecido. Mas o conceito é o mesmo: incluir uma experiência internacional no currículo – viver, estudar ou trabalhar durante alguns meses lá fora.

Muitos pais, jovens e empresas já entenderam bem os benefícios pessoais e profissionais destes programas de mobilidade. Eu cá acredito que os ganhos são sempre muito superiores às possíveis perdas.

E gosto de ver que o preconceito de que “vai perder um ano”, começa a transformar-se em “vai ganhar uma experiência única e inesquecível para a vida”.

gap year, artigo de revista

(imagem: gap year portugal)

Fazer um Gap Year começa a ser encarado como algo importante para enfrentar o competitivo/ incerto/ desafiador mundo de trabalho, em que a diferenciação já se começa a fazer muito mais pelas competências pessoais de cada um ao invés de serem apenas valorizadas as competências académicas.

É então uma boa oportunidade para os jovens que ainda não sabem muito bem o que gostam/ querem seguir. Ou que não estão satisfeitos com as suas escolhas e precisam de repensar o que querem fazer e para onde querem ir, aproveitando para crescer, antes da entrada na “parte mais séria” da vida.

Enfim, é fazer uma pausa. Mas uma pausa produtiva. Porque descobrir mais do mundo também é descobrir mais de nós próprios. É aprender a relativizar e a valorizar. É depois voltar mais motivado, focado e certo daquilo que realmente se gosta.

Eu sei, porque fiz algo parecido. Talvez alguns de vocês até já saibam que aos 21 anos eu fiz um programa de intercâmbio nos Estados Unidos. Estudei, trabalhei e vivi durante um ano no estado de Wisconsin. Foi uma experiência tão enriquecedora, que me levou em parte a ser quem eu sou hoje.

Mas também sei, porque tenho dois filhos que já tiveram de escolher a área/o curso que supostamente os vai fazer sentir pessoas úteis, felizes e realizadas, assim mais ou menos, para os próximos 50 anos… é um bocadinho assustador, não é?

gap year experiencia internacional

(imagem: gap year portugal)

Ora, como mãe que valoriza as vivências, considero que todas estas possibilidades de crescimento são super válidas para o futuro dos miúdos.

As viagens que fiz com os meus filhos desde bebés (sempre fui de levar os miúdos para todo o lado) foram os primeiros passos para lhes aguçar a curiosidade pelo desconhecido. Um percurso importantíssimo para ajudar a formar a personalidade, amplificar e consolidar conhecimentos.

Mas agora que eles começam a ganhar asas, a ser mais independentes e autónomos, gosto de lhes mostrar outros caminhos. Aqueles que eles, inevitavelmente, terão de seguir sozinhos.

Como sabemos, já não existem empregos ou carreiras para a vida. Existe sim, uma vida que tem de ser usufruída (com responsabilidade e propósito) entre os desafios que nos vão sendo constantemente colocados.

gap year mapa mundo

(imagem: gap year portugal)

Acredito pois que quanto mais experiências e diversidade de conhecimentos os miúdos tiverem, mais fácil será para eles conseguirem fazer as suas próprias escolhas em consciência e se adaptarem a qualquer situação.

Se conseguirem desenrascar. Se habituarem a pensar fora da caixa. Se responsabilizarem pelas suas próprias decisões. E afinal, tão simplesmente, se sentirem pessoas úteis, felizes, realizadas.

Sim, andei a pesquisar sobre isto. E a pensar nos pais e mães que também consideram estes programas de mobilidade boas opções para o desenvolvimento dos seus filhos, reuni vários tópicos sobre o Gap Year.

O QUE É UM GAP YEAR

Uma pausa na vida quotidiana, onde se aproveita para iniciar uma outra atividade, em geral, no estrangeiro.

O QUE SE FAZ NUM GAP YEAR

Não existem regras. A ambição, o tempo e o dinheiro disponíveis de cada um são essenciais para ajudar a planear o Gap Year, mas estas são as possibilidades mais comuns:

Voluntariado – É a oportunidade de mudar algo na vida de alguém, apoiando uma ONG numa área de interesse pessoal (por exemplo, ensinar inglês a crianças africanas), numa área da saúde ou da protecção do ambiente. Também é possível ajudar uma associação portuguesa aqui ou no exterior.

Trabalhar ou estagiar – Ter uma primeira experiência profissional, tanto no estrangeiro como em Portugal, vendo na prática as aplicações do curso superior que se frequentou. Ou ainda explorar outras áreas onde se quer trabalhar mais tarde.

Viajar – Muito e sem pressas!

QUANTO TEMPO DURA UM GAP YEAR

No mínimo 6 meses.

QUEM PODE FAZER UM GAP YEAR

Poderia dizer dos 18 aos 81. O mais comum é fazer-se entre os 18 e os 24 anos (entre o 12º ano e a faculdade ou entre a faculdade e a entrada no mercado de trabalho) mas todos os adultos podem a qualquer altura das suas vidas fazer um gap year.

gap year

(imagem: gap year portugal)

GAP YEAR EM PORTUGAL?

Por cá, este trabalho é feito pela equipa Gap Year Portugal desde 2012. O nascimento da instituição sem fins lucrativos é comemorado a 13 de Outubro e agora até têm um presidente novo, João Pedro Carvalho (um ex-gapper). Também têm uma madrinha do projecto, Maria João Ruela.

A definição oficial é esta:

“Inovar o Sistema Educativo Português, promovendo o Gap Year como forma de desenvolvimento pessoal, académico e profissional.”

Prestam apoio formal a todos os que querem planear um gap year, uma espécie de serviço de consultoria.

Estão presentes em vários eventos ou feiras dirigidas ao público jovem e organizam um concurso anual, entre Março e Junho, com um prémio de 5.000 a 6.500 euros para oferecer a quem conseguir organizar o melhor gap year.

Mas é possível que algum dos vossos filhos já tenha visto a road trip Gap Year nas escolas secundárias, pois também existem sessões de esclarecimento pelo país.

E têm ainda dois programas que acho verdadeiramente fantásticos:

  • Experiência Académica – Durante duas semanas, os jovens podem assistir às aulas de três licenciaturas ou mestrados diferentes. Funciona entre fins de Agosto e Setembro.
  • Experiência Profissional – Durante uma semana, com a ajuda de um profissional de determinada especialidade, os jovens podem envolver-se na rotina diária de uma profissão.

E depois de todo este paleio, ficaram entusiasmados com a ideia?… 😉  Ora visitem gapyear.pt e tirem todas as dúvidas!

gap year equipa

Alguns membros da equipa Gap Year Portugal a trabalhar em Lisboa

gap year presidente

João Pedro Carvalho, o CEO da Gap Year Portugal (imagem: gap year portugal) 

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