A propósito de um post da minha amiga Vânia, do Diário de uma Teimosa que diz que “a Suécia é a nação que mais tem livros de culinária publicados per capita do que em qualquer outro país” fiquei a pensar. Será que Portugal não se está a aproximar da Suécia (a esse nível, pelo menos) a uma velocidade vertiginosa?
Porque não sei se sou só eu, mas tenho a sensação de que cada vez se fala, se mostra, se escreve mais sobre culinária. Tenho a sensação de que todas as vezes que percorro as prateleiras de uma qualquer livraria com o olhar, lá estão cada vez mais livros, com novos chefs, curiosidades, truques e receitas que nunca ninguém se tinha lembrado de partilhar antes!
Há livros de bolos, de dietas, de comida saudável, de como organizar festas para crianças e jantares de amigos, de como criar um negócio nesta ou naquela área, de receitas pessoais ou daquelas mais que famosas nacionais e internacionais, de pratos em 15 minutos, de surpreendentes segredos para a bimby…e não posso deixar de achar curioso, que apesar de grande parte destes livros serem assinados por especialistas em gastronomia, também começam a surgir intervenientes de outras áreas públicas nacionais, revelando assim uma aparente boa integração cozinha / apresentadores de televisão / escritores / jornalistas.
E depois ainda há, claro, os imensos blogs, os canais de televisão especializados, os festivais temáticos, os masterchefs para adultos e crianças. Ou ainda a recente aposta nos mercados antigos recuperados – Campo de Ourique em Lisboa e Bom Sucesso no Porto – com novos e irresistíveis petiscos à escolha. Mas continuo a achar que o importante nisto tudo é mesmo a reunião à volta da comida: a família, os amigos, a conversa, os prazeres simples, saborosos e divertidos. A partilha. As ocasiões e pessoas especiais.
E foi com todo este encadeamento de pensamentos que fui revisitar um livro que comprei há meses por impulso. Foi mesmo daquelas descobertas felizes e espontâneas. E por mais estranho que possa parecer para alguns verdadeiros aficionados gastronómicos, não o comprei para imitar em casa todas as receitas de uma ponta à outra (já o admiti aqui que gosto muito mais de comer do que cozinhar), mas sim pelo seu lindíssimo design e excelente conceito. Digo eu, que gosto de tudo o que diga respeito a viagens, a fotografia e a comida!
Mas também porque gosto de (quase) tudo o que a Catarina Serra Lopes escreve. Acompanhei-a durante anos, quando narrava aventuras mundo fora em várias revistas de viagens. Emocionei-me particularmente ao conhecer (acho que até é difícil de explicar isto, porque mesmo sem qualquer ligação ao projecto, foi reconfortante, enquanto mera consumidora e apaixonada por viagens, descobrir o número 1 nas bancas, assim por acaso, uma revista tão simples, tão forte, tão consciente, tão bonita) a Blue Travel – quem se lembra? Que saudades…
E todos os meses, com as reportagens desta e de outras revistas, lá ficava eu cheia de inveja (da boa, entenda-se!) de todas aquelas experiências mundo fora e invariavelmente recorria sempre ao mesmo pensamento “um dia, serei eu!”.
Mas voltando ao livro de cozinha e viagens da Catarina – Pelo Mundo com os Tachos – não esperem uma organização por países, mas sim por ementa: entradas, sopas, saladas, vegetariana, peixe, carne, sobremesas. Porque afinal é de comida que se fala aqui, ainda que coordenada com as envolventes histórias e os sítios giros, e é onde a Catarina “recria à sua maneira dezenas de receitas que foi experimentando pelos quatro cantos do mundo. A acompanhar os sabores, as histórias e as fotos que fizeram parte de cada viagem. Fácil, saudável e rápido é o seu lema na cozinha.”
Onde há “histórias de receitas e receitas com histórias.” E onde se inventa sem complicar, para se conseguir comida boa e saborosa. Eu gosto disto! Querem só alguns exemplos para abrir o apetite? – Sopa Route 66, Salada Maldivas, Moqueca de Pipa, Panquecas à Rinjani. E pronto, será preciso acrescentar mais alguma coisa ou já vos enchi de curiosidade? Espreitem o livro (tem 60 receitas e muitas mais histórias e fotografias) e depois avisem-me se encontrarem alguma coisa menos bonita ou deliciosa.
Por agora, vou continuar a acompanhar a mais recente, bela e duradoura viagem da Catarina Serra Lopes – a maternidade – no blog Pelo Mundo… e espero em breve começar a ler reportagens de uma bebé pelo mundo!
Quanto aos livros de culinária bonitos e recomendáveis – de receitas entendo pouco, já sabem – tenho mais para mostrar, mas vão ter de ficar para outro post. Entretanto, alguém quer partilhar qualquer outro livro, chef, blog que conheça? Bonitos, de preferência 🙂
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