Natural Kitchen London, comida também a pensar nas crianças

12 Março, 2015

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Encontrar o Natural Kitchen London foi uma surpresa. Uma boa surpresa. E eu gosto tanto, mas taaanto, quando isto me acontece.

Andar numa cidade, sem rumo, sem mapas para indicarem o caminho, sem horários a cumprir e de repente ser surpreendida. Seja por uma loja toda catita, por uma estação de metro que não estava nada à espera que fosse ali. Por alguém que mete conversa, por um restaurante que podia ter saído dos meus mais profundos sonhos.

Pois foi isso mesmo que me aconteceu com o Natural Kitchen London, quando vinha cansada de Portobello Road. Comecei a vaguear por umas ruas menos turísticas em direcção ao hotel e estava na fase de decidir se devia de jantar por ali ou não.

Mas, sabem como é, o destino às vezes encarrega-se de nos dar uma ajudinha e este foi um desses casos. Quase sem dar conta, começou a chover e eu não tive outra alternativa senão abrigar-me. Ora, por esta altura, a decisão já estava tomada. Ía mesmo jantar por ali e esperar que a chuva parasse. 🙂

E foi assim que surgiu aquilo que a muitos chamam de destino. À minha frente estava um dos cafés/lojas gourmet/talhos mais giros que já conheci, o Natural Kitchen London.

Pela forma como os vários funcionários arrumavam as coisas, percebi que estavam quase a fechar. Mas reparei também, que lá dentro mais pessoas se encontravam na minha situação (refugiados da chuva) e por isso decidi entrar… E deliciei-me! Primeiro com o olhar, mais tarde com o paladar.

A loja do Natural Kitchen London estava dividida por secções mas percebia-se o conceito fresco e biológico por todo o lado. E apesar do aspecto rústico e muito natural, acho que existia ali oferta capaz de agradar a todos, miúdos e graúdos, defensores ferrenhos ou apenas simpatizantes deste tipo de comida.

Havia uma vitrine enorme com todo o tipo de quiches, sopas, saladas, pastas para se escolher e pagar ao peso. Do outro lado, sandes já preparadas, bebidas quentes e frias, muitos produtos lácteos. Pelo meio, uma imensidão de produtos cheios de bom aspecto (bolachas, cereais, compotas, enlatados). Mais ao fundo, o talho e algumas mesas espalhadas a convidar à degustação demorada.

Mais tarde, descobri ainda que no andar de baixo existiam artigos de decoração também para venda. Enquanto as escadas para o andar de cima não cheguei a entender bem para o que davam, mas acredito que fosse para mais uma sala com mesas.

E sabem aquele ambiente tão simples, tão desprovido de extras mas carregadinho de boas energias? E aquele cheiro acolhedor a madeira, flores, café e outras coisas boas e fresquinhas?

Pois era mesmo esse o ambiente e o cheiro desta loja, que funciona como café, restaurante, takeaway, loja e talho.

Optei por me sentar um bocadinho numa das grandes mesas corridas de madeira à janela. E com muita pena minha foi mesmo só um bocadinho, porque entretanto (e apesar dos olhares meigos e compreensivos dos funcionários), os seus gestos não deixavam dúvidas: o horário de fecho já tinha sido ultrapassado.

Tive tempo ainda de me surpreender com uma jovem inglesa que tinha acabado de chegar de bicicleta e quis saber de onde eu era e outras perguntas da praxe. A surpresa foi mesmo essa: o facto de ter sido ela, uma habitante de Londres (normalmente distantes e pouco dadas a socialização com estranhos) a meter conversa de circunstância comigo.

Pois, estávamos as duas à espera que a chuva parasse e talvez isso nos unisse naquele momento. Mas enfim nunca terei resposta para tal enigma.

Entretanto os pingos da chuva abrandaram bastante. Ela pediu um saco daqueles grandes do lixo, fez um buraco para a cabeça e outros dois para os braços e despediu-se de mim.

Eu pedi para embrulhar o que tinha pedido (com a conversa acabei por não começar a comer, nem sequer me lembrei de fotografar) e saí também. E sim, os penne com legumes, o iogurte com aveia e o sumo natural que acabei por comer no quarto do hotel eram simplesmente deliciosos.

Gostava de ter lá ficado uma tarde inteira, com os miúdos. De ter provado muito mais coisas, de ter olhado com atenção para todos os detalhes. E de ter comprado algumas daquelas compotas.

Mas com esta partilha espero que no dia que lá forem, se lembrem de mim e até das boas surpresas que a chuva nos pode trazer (se tivermos disponibilidade para apreciar o lado positivo dos acontecimentos, claro).

E vocês têm histórias assim? Contem-me se já vos aconteceu algo parecido!

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