Para sair da ilha escolhemos ir de lancha até Valença. Um transporte diferente e até mais personalizado do que o catamarã que nos trouxe desde Salvador. Connosco viajavam menos de quinze pessoas (incluindo crianças que íam para a escola) e o percurso foi relativamente rápido (menos de meia hora).
A lancha foi uma estreia para a minha família. E concluímos também que este terá sido um dos sítios de mais difícil acesso em que já estivemos. Não sei até se todas estas novidades nos acessos terá influência, mas a verdade é que o Morro de São Paulo tem agora um lugar especial nas nossas memórias de viagem.
Assim que cheguei soube que este lugar era diferente. E com o passar dos dias, foi-se tornando evidente que ali há o que noutros lugares raramente se encontra. Há turistas mas acho que dificilmente se tornará num destino demasiado popular pois os seus acessos não são fáceis.
Não há grandes resorts nem parques infantis, mas garanto que o aconchego das pequenas pousadas com o mar em frente ajuda a preencher as horas do dia de toda a família. Também não há grandes cadeias de restaurantes nem superfícies comerciais de renome internacional, mas há produtos e simpatia local quanto baste.
E depois ainda há os detalhes tão caricatos. Há carrinhos de mão com a palavra “táxi” desenhada, assim como que um aviso aos mais distraídos – que por ali não circulam carros, autocarros, comboios, eléctricos ou qualquer outro transporte motorizado e colectivo.
Tudo o que encontrámos foi burros, carroças, tractores e bicicletas que servem para transportar as mercadorias dos que lá vivem e trabalham, mas também as bagagens dos que chegam e partem diariamente.
As praias têm nome de número – 1ª até 5ª praia – classificação que recebem dependendo da sua proximidade ao centro da localidade. São todas de areia fina, água quentinha e com muitos coqueiros exactamente como imaginamos que uma praia paradisíaca deve ser, apesar de terem características diferentes, o que torna ainda mais fácil conseguir agradar a todos e adaptar as necessidades de cada um às diferentes horas do dia!
Estas foram as nossas escolhas: a 1ª para banhos (porque os meus filhos gostam de alguma ondulação), a 2ª para dormir e comer (de dia a areia enche-se de cadeiras de plástico e serviço às mesas, à noite ganha ambiente de requinte com muitas luzinhas acesas, bancas de vendas e música ao vivo) e a 4ª para passeios (tem um daqueles areal de perder de vista).
É preciso lembrar que não existem grandes infraestruturas (só há muito pouco tempo terminaram o estrado de madeira que liga a 1ª à 3ª praia, por exemplo) mas existe a certeza de estar num local seguro e ter a possibilidade de descansar rodeado de belas paisagens.
Porque tudo fica muito perto, são precisas apenas pequenas distâncias, a pé, para se fazer tudo o que se precisa. E depois também há aquele ambiente próprio de um centro pequeno que se nota nos contactos pessoais.
Gostei tanto de ver as salas de refeições das pousadas sem portas, janelas ou vedações porque ali o clima assim o permite e a informalidade também. Aparentemente todos se conhecem e cumprimentam pelo nome próprio ao circular. E os hóspedes passam a ser uma extensão disso.
Por isso não é de admirar ver agentes turísticos locais (os guias, como eles gostam de ser chamados) que entram, saúdam os presentes na sala de pequeno-almoço e perguntam a cada família quais os planos para aquele dia. Eu até vi quem, com a permissão dos responsáveis, retirasse uma banana do cesto e abandonasse a sala assim, naquela simples e prática degustação.
Tenho de admitir que gostei da abordagem. E foi assim o nosso primeiro contacto com as actividades para famílias no Morro de São Paulo: aulas de surf, canoagem, slide, passeios de bicicleta, observação de baleias, voltas de barco. Experimentámos algumas, outras por diversas condicionantes (onde se inclui o próprio clima) não foi possível fazer.
Por agora deixo uma dica: não percam o pôr-do-sol no Forte. Foi definitivamente um dos mais bonitos a que já assistimos, com direito a estatuto de atracção turística!
Em jeito de resumo, gostámos de tudo…principalmente das experiências novas e daquele ambiente tão pitoresco, tão estival, muito alegre e descontraído a fazer lembrar cenário de filme!
E o que eu gostei de estar a almoçar no areal e o Gonçalo avisar: “vou só ali dar um mergulho, volto já”. Ou de estar no quarto a arrumar a roupa nas malas e o Francisco quase implorar: “posso ir só ali dar um último mergulho, posso?”. E foram, porque o mar está mesmo ali e é simplesmente irresistível.
Há lugares assim, que nos marcam, que não esquecemos. E eu tenho a certeza que isso acontece quando os miúdos perguntam na despedida: “quando é que voltamos cá, mãe?”.
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2 Comentários
Gostei de ler. Boa viagem. Fico na expectativa de ler os próximos “Posts”
Gostei da visita 🙂 Obrigada