Ao entrar no Restaurante Língua, não consegui evitar cantarolar:
“Já fui ao Brasil
Praia e Bissau
Angola, Moçambique
Goa e Macau
Aí, fui até Timor…”
Lembram-se?… Reconhecem a letra da música “o Conquistador” dos Da Vinci (Festival da Canção, 1989)?
Pois foi precisamente dessa eufórica melodia que me lembrei quando vi uma parede cheia de nomes de países lusófonos no Restaurante Língua em Coimbra, onde encontrei uma justa homenagem à gastronomia e cultura de língua portuguesa.
Agora é então possível viajar por estes lugares todos, conhecer hábitos e costumes espalhadas por esse mundo fora onde se fala português sem sequer sair de Portugal!
E se é a língua que nos une, é também ela que nos dá a conhecer estes sabores maravilhosos, mais ou menos exóticos, mais ou menos emotivos.
E foi precisamente a saudade (esse sentimento tão inexplicável e só nosso), que esteve na origem da abertura deste restaurante.
O dono português, filho de pais cabo-verdianos e moçambicanos, quando se viu sozinho na cidade de Coimbra sem acesso regular aos pratos de que tanto gostava, decidiu ele próprio trazer essas ligações internacionais para a cidade e assim proporcionar esta viagem pessoal através da comida.
Uma viagem agora acessível a todos, meros curiosos ou eternos saudosistas, no Restaurante a Língua.
E foi também a mistura desses sentimentos – curiosidade e saudade – que decidiu o nosso pedido.
Com entradas, pratos, sobremesas e bebidas dos vários países representados, tentámos então diversificar ao máximo esta nossa viagem gastronómica.
Sem esquecer ainda que um passeio destes em família deve agradar a miúdos e graúdos!
Do que provámos, estas são as nossas recomendações:
- Abacate com atum (Guiné-Bissau)
- Frango de amendoim (Moçambique)
- Moqueca de peixe (Brasil) – devolveu à nossa memória o sabor aveludado do leite de coco e as últimas férias no Brasil
- Pudim de queijo (Cabo Verde)
Os adultos não resistiram a experimentar o jarro Carmen Miranda, uma das bebidas de autor que relembram grandes figuras históricas da lusofonia.
Existe um livrinho com os respectivos ingredientes (e a biografia das personalidades), que apenas ajudou à celebração e alegria que o lugar transpareceu, até na música que estava a tocar.
Acrescento ainda que o sabor e o cuidado na apresentação estavam impecáveis.
Apenas a quantidade do acompanhamento (arroz) se revelou insuficiente (mas prontamente reposta ao nosso reparo).
Fica ainda o aviso: o Restaurante Língua está num pequeno beco de nome Fanado mas não existe nenhuma placa na parede com essa informação. O nosso GPS não reconheceu o local e as várias pessoas a quem pedimos ajuda na rua também não sabiam onde ficava.
Lá nos valeram as indicações escassas de um comerciante (pouco bem disposto)… e o telefonema de resposta super solícita que finalmente me lembrei de fazer para o restaurante… pois!…
De qualquer forma, decorem o seguinte: fica numa transversal à Rua da Sofia, na baixa e existe uma farmácia na esquina.
E apesar das (nossas) peripécias para lá conseguirmos chegar, é sem dúvida um restaurante bem simpático, com comida excelente, ambiente muito confortável, acolhedor e atendimento cinco estrelas.
Para acrescentar ainda à lista de razões porque devem visitar o restaurante Língua, saibam que lá também disponibilizam livros de culinária para consulta, bebidas das mais famosas marcas de vários países, prato do dia de segunda a sexta-feira e jantares temáticos.
A ementa muda com frequência (em Setembro e depois novamente em Janeiro).
Da nossa parte, ficaram por provar muitos sabores, por exemplo: a sopa lacassá (Macau), a cachupa (Cabo Verde), a muamba de galinha (Angola).
E quando os miúdos ouviram dizer que na nova temporada ía haver quindim do Brasil, os olhos até brilharam… e assim sendo, parece que lá teremos de voltar em breve! 🙂
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Restaurante Língua
Beco do Fanado, Coimbra
Portugal
Preço médio de cada prato: 12 euros
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