Sabem o que é o Super Bowl?
É a final do campeonato de futebol americano da NFL – National Football League (Liga Nacional de Futebol). O evento desportivo que decide o campeão da temporada. Para os americanos, acho mesmo que é o mais importante evento desportivo do ano.
O football deles é diferente do nosso futebol. Ou seja, nos Estados Unidos da América, o football é um jogo de contacto muito similar ao rugby (também conhecido por futebol americano) em que os jogadores usam capacetes, roupas com protecções e uma bola bicuda. O nosso futebol é lá chamado de soccer.
Enfim, diferenças técnicas à parte, o importante aqui a reter é que este é um jogo de grande relevo nacional. O país quase pára para assistir ao Super Bowl.
Todos os cantores e artistas querem participar nos espectáculos do intervalo. É pois uma enorme festa, que acontece sempre por meados de Janeiro / início de Fevereiro.
Pela primeira vez, este ano os miúdos disseram-me que gostavam de assistir ao jogo pela televisão.
Eu não me contive… e informei: Sabem que tenho uma camisola com o nome do campeão de Janeiro de 1997?
– A sério, mãe?!… Podes ir buscar?
Eu fui.
Era a desculpa perfeita para ir abrir umas quantas gavetas e encontrar o álbum de fotografias que guardo do meu ano nos Estados Unidos e a tal camisola (como eu gosto deste tipo de desculpas que metem viagens ao barulho!) 🙂
Não segurei as lágrimas e o sorriso (em simultâneo) durante largos minutos. Naquelas quase 200 fotografias embaciadas pelo tempo, estão espelhados tantos dos momentos especiais da minha primeira grande viagem a solo, então com 21 anos.
Agora apenas um pequeno pensamento: Dá para acreditar?… Tenho 200 fotografias para documentar um ano inteirinho de passeios e descobertas do outro lado do Atlântico. Hoje em dia é tão fácil ficar com esse mesmo número de imagens num simples jantar em casa de alguém…
Mas ainda bem que estas fotografias dos Estados Unidos estão impressas e organizadas. Porque é uma excelente forma de partilhar com os miúdos as minhas aventuras, antes de terem nascido.
Eles já conheciam o álbum (estranham sempre é a minha condição física… eu própria fico super espantada ao ver-me tão cheiinha nestas fotografias!) mas, apesar de ainda a vestir, a verdade é que eles nunca tinham reparado na camisola com o nome dos Green Bay Packers estampado – a equipa vencedora do Super Bowl 1997.
Não resisti e fui replicar a imagem que tinha captado há 21 anos em Chicago.
Então, a minha história com o Super Bowl começa assim:
- Saí de Lisboa a 14 de Janeiro de 1997
- Fiz escala em Londres
- Aterrei em Nova Iorque um dia mais tarde
- Instalei-me, dias depois, numa casa de família na cidade de Milwaukee, estado de Wisconsin
O Super Bowl 1997 aconteceu a 12 de Janeiro, ou seja, poucos dias antes de eu chegar a Wisconsin, estado onde ficaria a viver e de onde era a equipa vencedora desse ano.
Já não ganhavam o título há algumas décadas, por isso podem imaginar a euforia e o entusiasmo que eu ainda encontrei quando cheguei.
Lembro-me de ir a um jantar para festejar a vitória na casa de uns amigos. E, claro, não resisti a comprar uma camisola comemorativa, que ainda hoje guardo e uso! 🙂
Foi durante este ano a morar fora que aprendi verdadeiramente a desenrascar-me em viagem. Percorri sozinha vários estados e fiquei com memórias indescritíveis. Inesquecíveis. Depois de todos estes anos, ainda me emociono quando falo no assunto.
Além de ficar a conhecer muitos lugares e realidades diferentes, foi uma óptima oportunidade de me conhecer melhor. Passei por momentos bem difíceis. Mas, sem pestanejar, faria tudo novamente. Conseguir superar a solidão, as temperaturas negativas, todos os pequenos problemas quotidianos, as diferenças culturais e gastronómicas… deu-me uma gigante quantidade de confiança.
Fui sozinha, não conhecia lá ninguém, mas sempre tive uma vontade enorme de pegar num carro ou num comboio e ir. Assim fiz. Sem saber onde ía almoçar ou dormir naquele dia (a internet e os telemóveis em 1997 eram, para mim, ferramentas inacessíveis, claro).
Aprendi muito.
E foi ali que nasceu também uma enorme vontade de conhecer a Escandinávia, pois durante aqueles meus meses na América fui fazendo amigas, que por uma qualquer coincidência eram maioritariamente da Suécia, Noruega ou Dinamarca. Fiquei logo fascinada com o que contavam da terra natal.
Alguns anos mais tarde, levei os meus filhos à cultura nórdica. As expectativas excederam-se. E eles encantaram-se com Estocolmo e Copenhaga.
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